De isenção de royalties e fundo de marketing, à renegociação com fornecedores e estímulos ao uso do delivery, franquias criam comitês de crise para conseguir dar continuidade aos negócios
A crise do coronavírus atingiu em cheio o comércio, e em especial as micro e pequenas empresas. Com o movimento reduzido de consumidores e as medidas de restrição, que determinaram o fechamento de lojas e shoppings, 89% desses negócios já enfrentam os efeitos econômicos da pandemia, segundo o Sebrae.
No franchising não foi diferente: com impactos variados em cada segmento (redes B2C e B2B, serviços e produtos diversos), segundo Sidney Amendoeira, diretor institucional da ABF, os reflexos começaram a ser sentidos no final da primeira quinzena de março, com impacto maior em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Ainda estamos realizando uma sondagem para avaliar melhor, mas o impacto negativo é certo e já bastante severo, e tende a aumentar à medida que mais restrições de circulação sejam adotadas nas cidades”, diz.
Para dar fôlego aos franqueados nesse momento, principalmente quanto ao capital de giro ou para criar novas formas de gerar receitas, diversas redes têm oferecido benefícios, como isenção de royalties, por exemplo, e criado comitês de crise para orientá-los sobre questões financeiras, trabalhistas ou tributárias.
“Na ABF, também estamos nos articulando com associados e entidades correlatas para uma negociação com shopping centers, locadores de forma geral, bancos, emissores de cartão e o próprio governo com o objetivo de oferecer melhores condições para franqueados e franqueadores”, destaca Amendoeira.
Por ser um acontecimento sem precedentes, qualquer uma dessas inciativas tomadas pelas redes não precisa necessariamente, neste momento, constar do rol de informações da Circular de Oferta de Franquias (COF), conforme determina o novo marco regulatório do setor, que entrou em vigor no último dia 27 de março.
“As negociações devem ocorrer em comum acordo, dentro das possibilidades e levando em conta a situação de cada rede em particular, sempre visando a continuidade dos negócios, tanto da franqueadora, como dos franqueados”, explica o diretor da ABF.
Mas há alguns pontos de atenção, conforme lembra Adriano Gomes, professor de administração da ESPM e consultor financeiro da Methode – como a suspensão de projetos ou pedidos de análise de novos franqueados.
“Qualquer carta de intenção (de futuros franqueados) ou qualquer amarração contratual ligada às atividades de uma rede deve ser descartada por enquanto”, afirma. “Afinal, não é isso que irá solucionar o problema do franqueado e nem do franqueador nesse momento.”
A seguir, veja o que algumas redes estão fazendo para ajudar franqueados a diminuírem os impactos da crise:
GRUPO KALAES
Dona das redes Maislaser, Odonto Special e Instituto Ana Hickmann, a franqueadora postergará a arrecadação dos royalties dos meses de março e abril de 2020. Além disso, manterá um departamento jurídico para dúvidas trabalhistas e tributárias, e uma equipe financeira para questões orçamentárias, à disposição dos franqueados (ambos atendidos pelo sistema home-office).
Fonte: Diário do Comércio